poemas escritos no correr de minha vida

Tuesday, January 30, 2007




ESQUECER

Eu quero ouvir o silêncio da noite.
O diálogo dos insetos.
O cantar do riacho.

Caminhar entre as flores.
Admirar o ocaso, olhar a beleza das estrelas.
Eu quero sentir o cheiro do mato.

Sentir a chuva no rosto.
Fazer parte da natureza.
Integrar-me em sua beleza.

Eu preciso admirar o arco-íris
sem me lembrar que ele logo desaparece.

Preciso sentir o perfume das flores
e esquecer que elas duram tão pouco.

Tenho que olhar para você e esquecer.
Esquecer que já tentei lhe esquecer.

SONIA MARIA DELSIN



O TEMPO E O VENTO

Vem, encosta teus dedos
em meus dedos.
Deixa que se eletrizem
com o contato.
Coloca teus olhos
em meus olhos.
Vamos deixar nossas almas
conversando.

Vem, cola tua boca
em minha boca.
Vamos ao jardim das delícias.
Deixa que tuas mãos eletrizadas
caminhem
por meu corpo inteiro.
Que nossas almas se fundam
num abraço.
Vamos desfrutar nosso amor.

Na casa do amanhã talvez
não haja
mais tempo para nós.
Aproveitemos o agora.
Vem, deixa que o toque
de nossas mãos
nos leve ao paraíso.
Enquanto o vento não nos arraste
para caminhos adversos.

Vem, sente como bate este
meu coração cansado.
Ainda por ti e sempre.
Nunca mais outro
baterá assim
tão forte.

A paixão já fez estragos
em nossas vidas.
Carregou-nos para precipícios.
Vem, enquanto há tempo
para nós.
Cola teu corpo em meu corpo.
Não permita que o vento
nos separe.

Vem, ainda nos resta
um pouco de tempo.
Vem, beija-me
uma vez mais.
Entrelace teus dedos em
meus dedos e solte-os
agora, de leve.

Adeus, já é tempo!
Sinta como o
vento
nos carrega.
Acabou-se!
Já é amanhã
para nós...

SONIA MARIA DELSIN



O ESPELHO DO TEMPO

O tempo ao avesso.
O avesso do agora.
Esse tempo sem hora.
Nosso tempo perdeu-se.
Escapou do espelho.
Fugiu do passado.
Voou para o futuro.
Esse tempo sem presente.
É o tempo da gente.
Nosso tempo confuso.
Mas contundente.
Nos puxa para trás.
Nos leva para a frente.
É um tempo diferente.
Queremos recuperá-lo.
Vivê-lo.
E o espelho nos mostra...
que estamos ao avesso...

SONIA MARIA DELSIN




ATRÁS DAS CORTINAS

O espelho reflete uma imagem diáfana.
Coloca dois seres frente-a-frente.
Coloca palavras onde reinava o silêncio.
Palavras ora quietas, ora irrequietas.
Palavras buscando, esperando...
Peças de um quebra-cabeça.
Soltas peças jogadas pelo mundo.
Um encontro de hora marcada.
Um espelho que guarda dentro de si...
segredos.
Dois seres que buscam tocar-se.
A magia que os aproxima e os distancia.
Uma conversação silenciosa.
A sensação da proximidade.
Algo unindo, unindo...
E o inverso da moeda.
A distância... o tempo...
O desejo que cresce sem razão.
Que acelera o coração.
As cortinas que os envolvem...
Véus a encobrir...
Sedução... paixão...
Um caso sem solução... ou não.


SONIA MARIA DELSIN




AGONIA

Sou folha caída ao sol do meio-dia.
Estou parada no tempo.
No tempo da agonia.

Não rasgo cortinas.
Não corro em busca do amanhã incerto.
E eu que o pensei tão perto!

Sufoco dentro de mim um grito.
Calo as dores.
Os dissabores.

Espero. Só posso esperar.
Um vento há de chegar.
E há de me levar.
De me carregar.

Ao sol não posso ficar.
Eternamente a penar.
Uma brisa já pode me contentar.
Se ela chegar...


SONIA MARIA DELSIN




UMA LÁGRIMA LAVA O MEU POEMA

Uma lágrima quer lavar o meu poema.
Quer varrer estas frases dolorosas.
Quer o papel em branco.

Uma lágrima quer calar a minha voz.
Quer expulsar meus medos.
Quer o silêncio.

Uma lágrima quer apagar a minha dor.
Quer curar o mal que me aflige.
Quer hastear uma bandeira branca.

Uma lágrima quer achar um caminho...
um caminho que a leve de mim.


SONIA MARIA DELSIN




UMA LÁGRIMA LAVA O MEU POEMA

Uma lágrima quer lavar o meu poema.
Quer varrer estas frases dolorosas.
Quer o papel em branco.

Uma lágrima quer calar a minha voz.
Quer expulsar meus medos.
Quer o silêncio.

Uma lágrima quer apagar a minha dor.
Quer curar o mal que me aflige.
Quer hastear uma bandeira branca.

Uma lágrima quer achar um caminho...
um caminho que a leve de mim.


SONIA MARIA DELSIN




NÃO RESTA NADA

Ela disse algo que me tocou...
Ela disse que não resta nada
quando o amor acaba.
Na cama o frio enregela a alma.
Quando o amor acaba só sobra solidão.
Quando o amor acaba fica uma sensação.
Uma sensação de quarta-feira de cinzas...
fim de uma ilusão.
Um cheiro de coisa morta no ar.
Quando o amor acaba o coração...
parece que vai arrebentar.
A cor do mundo parece faltar.
Quando o amor acaba
parece que a morte veio nos buscar.

SONIA MARIA DELSIN



A QUEM PERTENCE...


A quem pertence o amanhã?
A vida me ensinou a viver o hoje e agarrar o momento.
Ela me mostrou que amanhã é sonho.
É incerteza.
Ela me ensinou a não esperar muito do amanhã.
No passado, ela guarda o que fui.
E no futuro moram os sonhos.
Alguns morrem no ar feito bolhas de sabão.
E eu parada... assistindo morrer a ilusão.
Outros estão guardados nas mãos do dono do tempo.
E ele os guarda com satisfação.
Tem poder sobre qualquer situação.

SONIA MARIA DELSIN




“POETA”


As palavras
para você
transformam-se
só em poesia.
Porque o mar o encanta.
A lua o fascina.
Deslumbrado, só sabe enxergar
o que a fantasia mandar.
É o poeta do amor, do mar, do luar...
Poeta que aprendi
a conhecer um pouco
e a admirar.
Suas musas... criaturas tecidas
pelas teias
da imaginação.
Tão bom sonhar... deixar a alma solta.
O que tem mais encanto
que aquilo
que construímos
com nosso próprio imaginar...
Uns olhos azuis são pedaços de mar.
E existe algo mais belo que o mar?
Só o luar...
Mais belo que o sol nascendo?
Talvez ele se pondo...
Ser poeta é poder ter as coisas
da forma que se sonha, que se deseja.
Ser poeta é fazer dos sonhos uma realidade nova,
conviver com ela
como se fosse mesmo real.
Este mundo de faz de conta
que de alguma forma
existe mesmo.
Que se transforma em poemas,
em poesias, que conseguem
emocionar...


SONIA MARIA DELSIN



DESENCANTO

A velha avó está tão cansada.
Já embalou os netos e
os acarinhou.
Foi mais que avó.
Foi mãe daquelas crianças que tanto ela amou.

Depois os viu caminhando por estradas
tão desencontradas.
Viu a droga, esta danada!
Destruindo seu menino que vivia rindo.

Viu a neta cometendo o mesmo erro
que a mãe cometera no passado.
Mal parindo... e já sorrindo
para outro rapazinho.
Na barriga outro filhinho.

Palavras amargas na boca de uma menina
que foi arranjando filhos e
não mediu as conseqüências.

E o menino carinhoso. Tão amoroso!
Se envenenando, se entregando.
Nas esquinas se drogando.
Enquanto a velha avó vive chorando.


SONIA MARIA DELSIN




PRELÚDIO

Vou fazer este poema bem doce.
Bem suave.
Vou falar de beijos leves como plumas.
E de abraços que mais parecem roçar de folhas.
Um poema de água parada.
De brisas imperceptíveis.
De um homem e uma mulher se tocando delicadamente...
quase angelicalmente.
É um poema de cristal.
Uma brisa não o ameaça.
Mas um vento mais forte o espatifa todo.
Vamos deixá-lo então intocável.
Vamos cobri-lo com as folhas que o outono derrubou.
E guardá-lo na alma porque ele nos pertence.
Não nos pertence de hoje...de agora...
mas de outros tempos que ignoramos.


SONIA MARIA DELSIN



TÃO BOM DANÇAR

Estive a pensar.
A lembrar.
Como era bom dançar!
Corpos colados.
Uma música suave a nos transportar.
O calor de nossos corpos.
Nossos lábios a se procurar.
Mãos a deslizar.
No salão nossos olhos brilhando.
Coração acelerando.
Tudo isso se perdeu no ar?
Onde o romantismo foi parar?
Tão bom dançar.
Deixar o corpo flutuar...

SONIA MARIA DELSIN


MOMENTOS...

O que são momentos?
Plumas ao vento?
Se somos feitos de momentos!
Estes fragmentos que formam o nosso ser.
Momentos.
Neles está a mágica da vida.
São o nosso céu e nosso inferno.
Podemos eternizar os bons momentos.
Guardá-los por uma vida.
Por todas as vidas.
Para todo o sempre.
Estes são os momentos que lhe falo.
Momentos em que deixamos de ser simples matéria.
Momentos onde alcançamos a plenitude do prazer, da vida.
Que sejam passageiros, breves.
Mas eternos nas lembranças.
Repetidos, quem sabe...
Vividos, absorvidos.
Exclusivamente nossos.
E em posse deles deixamos de ser simples mortais.
Alcançamos com nossas asas as áreas celestiais.

SONIA MARIA DELSIN





SONHO

O que é real?
O que é sonho?
Vivo porque estou aqui.
Porque o desenrolar da fita me cobra a seqüência.
Mas desde menina me pergunto das razões de tudo isso.
Sei que estou presa a um corpo que viverá uma história até o final.
Um corpo que sofre para expurgar males de outras épocas talvez.
Contas pendentes...
Um corpo que não aprisiona minha alma.
Ela é livre!
Ultrapassa os limites.
Voa, viaja.
Está ora no passado, ora no futuro.
É uma borboleta que se liberta quando quer.
A crisálida não a aprisiona de todo.
Conhece caminhos lindos...
E aceita o caminho de pedras, de espinhos.
Quando digo que metade de mim é sonho é porque consigo me desdobrar.
A realidade não me esmaga e o sonho não me ilude.
Viajo entre duas eternidades.

SONIA MARIA DELSIN



ESTE POEMA

Este poema está doendo em mim.
É vivo, é um bicho que me devora.
Tudo ele é quente, é ardente.
É fogo que arde.
Não o quero tolo, não o quero frio.
Minha alma está gelada, trêmula.
Está encurralada.
Mas meu coração dentro dela é chama incandescente.
Minha alma dói e ele bate contente.
Ele segura minha mão e escreve estas linhas.
Derrama um pouco da lava nestas linhas loucas.
Nestes versos tortos ele me endireita a mente.
Porque sou poeta.
Porque encontro saídas para todos os meus labirintos.
Para todos os meus ais e não sei o quê mais.
Este poema é um escudo.
Pode chegar a dor, o sofrer, a consternação.
Que ainda assim meu poema é uma canção.
Este poema quer transformar os sonhos em realidade.
Quer dizer que tudo pode ser verdade.


SONIA MARIA DELSIN




ÚLTIMO ROMÂNTICO

Você não existe!
É o último romântico sobre a terra.
Só você é capaz de oferecer flores no
café da manhã.
Só você enfeitiça-se sob o luar.
Só você sonha flores, pomares.
Você com seu mar.
Você a sonhar.
A viajar... a poetar.
Poeta do amor.
Com sua musas
banhadas de luz.
Cheirando a mar.
Você é sedução, paixão.
Você me inspira carinho
com sua alma de
menino.


SONIA MARIA DELSIN




PÉTALAS...

Meu coração sonha pétalas de rosas espalhadas.
Sonha carícias... tantas...
Meu coração sonha gramados, sonha luares.
Sonha mares. Sonha amores. Sonha flores.
Meu coração é uma criança solta no mundo.
É uma borboleta louca, um beija flor.
É uma bolha colorida.
É uma nuvem, um pedaço do arco-íris.
Meu coração está forrado de pétalas.
Tão macias, tão sedosas.
Pétalas... só pétalas....
Meu coração é feito de flores.
E de luzes multicolores...

SONIA MARIA DELSIN



A MULHER EM MIM

Descobri que as cores
e os amores
valem mais.

Descobri que o pintor
sonha cores
e o poeta amores.

Descobri um rio em mim
que sonha alcançar o mar.

Amar, amar e amar...

Descobri sonhos submersos
em camadas acumuladas.

Poeira cósmica
de eras antiqüíssimas.

Descobri-me voando mais,
sonhando mais,
buscando mais.

Descobri-me a amar demais....

Descobri a mulher em mim.


SONIA MARIA DELSIN



NEGUE


Negue, se puder.
Se quiser.
Negue.
Pode até dizer que
não signifiquei tanto.
E no entanto
quando nega não me encara.
Baixa os olhos.
Foge do meu olhar
exigente.
Suas mãos que se escondem
nos bolsos
estão loucas
por tocar-me,
Eu sei...
Eu sei que o amor
existe.
E no entanto negas.
Negas tanto.
Foges, tentas escapulir.
Mas as redes o envolvem.
Não adianta querer fugir.


SONIA MARIA DELSIN



UM MOMENTO MÁGICO

Sob este céu estrelado
você ao meu lado.
Bem quietinhos ficamos.
Nossas mãos entrelaçadas.
Contemplamos uma estrela
e nos perdemos
em divagações.
No silêncio desta hora
tão nossa buscamos
uma resposta.
Que o céu não nos
oferece.
Você toma a minha mão
e a beija
na palma.
E me arrepia até a alma.

SONIA MARIA DELSIN


TARDES DE AMOR

Aquelas tardes tão nossas
tinham um sabor de fruta proibida.

Você na minha vida...
Ó, você na minha vida!

Tardes mornas, serenas.
Nós dois... um sonho tão louco.

Sensualidade, intimidade.
Foi sonho, ou foi realidade?

SONIA MARIA DELSIN

Monday, January 29, 2007



ILUSÃO DOS SENTIDOS

Você esteve comigo.
Eu o senti.
Acariciou-me e partiu.

Entrou no meu sonho.
Bagunçou a minha vida.

Você não é chegada.
Você é partida.

Só me iludo
com sua presença
que é só ausência.



SONIA MARIA DELSIN



MEDO DO AMANHÃ

Há horas em que me vem um medo.
Um medo enorme do amanhã.
Meu cérebro segura um pensamento tolo.
O “e se” me enche de dúvidas.
Ai, que medo do amanhã!
Quero congelar o agora.
Não quero nem pensar no que pode vir.
Melhor fazer de conta que o tempo é feito só do hoje.
Quero varrer este medo de mim.
Agarrar-me a este momento...
não deixá-lo ir-se...
Não ser arrastada pelas águas do tempo...
e elas me levam.
Sou um barco...
Sou náufrago...
Agarro-me ao hoje e ele me escapa...
Escapa-me tudo e o tempo é um rodamoinho.
Vejo o mundo de ponta cabeça.
Diviso ao longe o amanhã que temo.

SONIA MARIA DELSIN


AMO VOCÊ... AMO VOCÊ

O vento é uma música em
meus ouvidos.
Ouço-a.
Ela me diz: amo você... amo você...
De onde o vento a traz?
Ela repete de novo, de novo.
Vem dos confins da lembrança.
Ninguém perto ou longe.
E a música repetindo
a mesma frase.
A mesma.
Que refrão!
O deserto que avisto.
A areia que me cega.
O cansaço...
Tudo se ameniza.
Porque a frase me impele
para a frente.
As miragens se desvanecem.
Desacredito nos oásis.
E a música insistindo.
A música a me motivar a crer.
Aquela frase tão confortadora:
amo você... amo você...

SONIA MARIA DELSIN



IDOLOS DE BARRO

Desmoronam-se os pedestais.
Pessoas que eu tinha em tão alta estima!
Quantas falcatruas.

Estive admirando álbuns de fotografias.
Os risos se estampavam.
Gravuras, figuras.

Uma cortina embaçava
a realidade.
Via o que queria ver.

Como doida
rasguei
uma a uma.

Rasguei bocas que sorriam.
Que escárnio!

Elas ainda riem seus risos distorcidos...

Botei fogo.
E as labaredas
são rostos a rirem da
minha desilusão.


SONIA MARIA DELSIN




VÁCUO

Nada.
Completo despropósito.
Como entender o vazio
se nada sou.
Se escapei do sonho.
Se ando por um caminho
que inexiste.
Estou triste.
Por que a tristeza
se não sou...
Se não me libero.
Que alheamento.
Que descontentamento.
Que insatisfação de mim.
Se nem sei quem sou...
Flutuo no tempo e me faço
perguntas despropositais.
Minha cabeça está zonza.
A vertiginosidade das coisas.
O que é nada? Vácuo.
Estou vazia de mim...
Que antagonismo!
Quero preencher espaços...
Negam-me o direito de sondar os confins
de meu ser.


SONIA MARIA DELSIN






SEU NOME

Escrevi seu nome
na areia.
A onda a lavou
levou...
Escrevi na água
e desfez-se
ante meus olhos atônitos...
Também escrevi no fogo
e ardi de dor...
Escrevi seu nome
em folhas de papel
e soltei-as ao vento...
Escrevi em pétalas
de rosa e guardo-as na minha
caixa de lembranças...
Escrevi seu nome
num tronco de árvore
e a visito todo dia...
Depois... escrevi no
meu peito
e o
aprisionei...

SONIA MARIA DELSIN



EM NOITES ASSIM

Em noites assim
vou deixar
meu pensamento
seguir o vento
e procurar por
você.
Por esses caminhos
que sei que
vai pisar...
estrela perdida
desse imenso
mar...
Contemplando a lua
vejo o sonhador
a cismar.
É tanto mar...
tanto luar...
pra enfeitiçar...
É tanto sonhar...

SONIA MARIA DELSIN



O NOSSO AMOR

Eu posso entrar em sua vida...
se você permitir.
Posso colorir de mil cores
o seu existir.
Meus beijos serão
estrelas de fogo.
Minhas mãos serão pequenos duendes
acariciando você.

Se você deixar aberta a porta de seu ser
eu invado o seu mundo interior...
e preencho todos
os seus espaços vazios.

Seu corpo gostará do meu
porque o amor que lhe tenho
é imenso...
Seremos só nós dois...
e o Universo.
O sol e a lua baterão
palmas pra nós...

Quando o vento lá fora soprar bem forte
estaremos um nos braços do outro.
Seus olhos procurarão
nos meus as respostas
e eu lhe contarei tudo de mim.

Sua boca há de querer
colar-se à minha.
Suas mãos sentirão prazer
em tocar-me de novo,
de novo, de novo...

Haverá anjos sobre nós dançando
e comemorando o nosso
encontro.


Perderemos a noção de tempo e espaço
porque só teremos consciência
de nós...

Correremos o mundo em segundos... mãos dadas.
Você buscará flores em todo jardim,
só pra mim...

Eu serei sua fada, a sua menina, a mulher...
que você quer.
Assim será o nosso encontro de amor...
se você quiser...

SONIA MARIA DELSIN



A MENINA

A menina era linda.
Frágil, fresca.
Uma flor em botão.
Possuía a suavidade
das violetas.
E a voluptuosidade
das orquídeas.
Guardava dentro de si
a mulher.
A menina era
uma promessa
de beleza.
Trazia no rosto
duas covinhas
tão bonitinhas.
A boca carnuda
formava um coraçãozinho.
Os olhos eram
dois peixinhos
que nadavam
no rostinho.
O nariz era tão
arrebitadinho.
Vestia um short jeans,
uma mini blusa azul
com debruns
em prata.
Nos pés sandálias
havaianas.
Os cabelos soltos
pelas costas
miúdas.
Era só uma menina que passava...
Uma rua qualquer...
Uma menina...

SONIA MARIA DELSIN



VIDA

Os caminhos. Tantos!
Os encontros, desencontros, ilusões.
Desencantos.
Vida! Punhado de sensações!
Sorrisos, lágrimas.
Dor e prazer.
Perguntas sem respostas.
Caminhos. Pedras.
Portas abertas. Janelas fechadas.
Vida!
Longa jornada.
Para tudo.
Ou para nada...

SONIA MARIA DELSIN


PAIXÃO

Estar muito apaixonado é deixar-se
arrastar por outros caminhos...
Com a fúria de um sentimento
que nem é sentimento...
É loucura quase!

Estar apaixonado é imaginar um céu particular...

É deixar-se levar
pela correnteza.
É arrastar um vagão.
É perder a lucidez...

As paixões muito loucas fazem estragos
irrecuperáveis muitas vezes...
Arrasam, destroem... mas depois passam.


SONIA MARIA DELSIN



UMA MÚSICA PARA RECORDAR

Nós a dançamos.
Corpos colados.
Lábios grudados.

Era pura magia.
Aquele tempo pra nós.

Hoje a ouvimos
De mãos dadas.
Quietamente.

As notas nos purificaram
Trouxeram nós dois de novo
para o tempo presente.

O que uma música
pode fazer com dois seres!


SONIA MARIA DELSIN


A DOR DA SAUDADE

Você gosta de amora?
Vou contar a seu pai que você namora!
Nossas brincadeiras infantis...
Aquele pé de amora na margem do córrego...
Minhas mãos manchadas, o rosto.
A roupa...
Que delícia!
Ainda ontem repeti a façanha.
Tingi os dedos, os lábios, a língua.
Tive cuidado com a roupa desta vez.
O sabor quase se igualava ao de outrora.
A diferença era tão sutil.
A alma esfolada pelos anos...
os risos das meninas...
Particularmente de uma menina.
Uma que me machuca a alma
recordá-la.

SONIA MARIA DELSIN



MEU CORAÇÃO

Ele quer sair desta prisão de carne.
Quer espaço aberto.
Quer voar.
Ganhou um par de asas.
E está louco para experimentar.

Ele já bateu sem jeito.
Bateu com defeito.
Bateu acelerado.
Já quase parou.

Ele sabe de umas nuvens coloridas
que um arco-íris enfeitou
e quer ver de perto.

Ah! coraçãozinho! Quanto já bateu!
Quantas ilusões, esperanças.
Saudades...
Quantas sensações malucas
já experimentou.
Não é à toa que se descompassou!

Mas... não pode sair ainda.
Se aquieta... espera.
Ainda não é hora
de ir-se embora.

SONIA MARIA DELSIN

TANTAS COISAS MAIS...

Gosto das manhãs ensolaradas.
E das tardes chuvosas.
Ó como gosto de receber rosas...

Gosto do cheiro de grama recém cortada.
De gente que não dá mancada.
De ser amada!

Gosto de ler, escrever, viver.
Gosto das lembranças, de crianças.
De ver as nuvens correndo
num céu de anil.

Gosto da lua cheia, enorme.
E das estrelas tremulando.

Gosto da natureza, da beleza.
Dos gestos calmos.
De vozes macias.

Gosto de seus olhos.
Neles eu encontro paz.
E gosto de tantas e tantas coisas mais...

SONIA MARIA DELSIN



SUA FALTA

(dedicado ao meu pai este poema, escrevi alguns meses depois de sua morte)

Ó como sinto falta de seus olhos
quando chego aqui.
Eles me olhavam acariciando...
Sinto falta de seus braços que
me abrigavam.
Entre eles eu não temia
o amanhã.
Sinto falta de sua voz
que não se vai de mim.
E também não diz frases novas...
Sinto falta dos
passeios
que fazíamos juntos.
Você me mostrando tudo.
Apontando a terra,
as plantações.
Contando do passado.
Tantas estórias!
E a exaltação à natureza.
Não, você não volta!
E não se vai de mim...

SONIA MARIA DELSIN