SEGURANDO MINHA MÃO...

Lembro nosso último abraço.

Estive tão estreitada a ti.

Partiste e eu fiquei aqui...

Naquele dia tanta coisa eu desconhecia.

Não compreendia.

Será que aprendi?

Meu querido.

Estivemos provando algo que nem a todos é permitido.

Foste para a outra dimensão segurando minha mão.

Foste me falando... me olhando.

E de repente era como se eu nem estivesse ali.

Foi tão dramática nossa separação.

Causou-me tamanha dor no coração.

Que por anos e anos eu a sentia.

Tantas vezes a lembrança me chegava e eu tremia.

Era eu que ficava...

E meu querido pai que ia...

Segurá-lo aqui eu não podia.

Mas eu queria.

Ainda tinha algo a lhe dizer.

Que o amava.

Anos levei para entender que ele sabia.

Meu amor imenso ele conhecia.

Sonia Delsin

CATIVA DO VENTO

Furo o infinito.

Com meu grito.

Sou riso e pranto.

Choro e canto.

Cativa do vento?

Durmo ao relento.

Aprendi a driblar a dor, o sofrimento.

Sou remanso.

Movimento.

Cativa do vento?

Movimento...

Pensamento.

Danço a dança do ventre para o meu sultão.

Aperto o medalhão de encontro ao coração.

O mundo está aqui.

Na palma de minha mão.

Sonia Delsin