poemas escritos no correr de minha vida

Saturday, October 20, 2007


MÚSICA DE NINAR

“Vou te cantar uma música de ninar”.

Deus, eu fecho os olhos.

Cerro completamente.

Viajo.

Para um tempo diferente.

Sinto o peso no colo.

Um peso amado.

Debruço ainda mais no passado.

Canto.

Canto baixinho.

Meu menininho.

Éramos nós dois...

Sempre tão sozinhos.

O quarto na penumbra.

A minha voz que o acalentava.

Eu o embalava.

E tu dormias em paz.

Que pena que este tempo lindo não volta mais!

Sonia Maria Delsin




TALENTO

Se tenho talento?

Eu tento...

Precisamos tentar.

Na vida tudo depende de começar.

Se eu não puder ser a árvore mais alta da floresta que eu seja o pinheiro mais vigoroso.

Para poder enfrentar o frio mais rigoroso.

Se tenho talento?

Tento.

Para alguma coisa nascemos.

Sempre um talento nós temos.

Basta descobrir qual é.

Um dia eu falei pra mim mesma.

Quero escrever até o fim de meus dias.

Isto me traz alegrias.

É um talento?

Creio que seja.

Cada qual deve realizar o que mais deseja.

Sonia Maria Delsin





AMANHECER NA ROÇA

Naquele tempo eu dormia com os longos cabelos trançados.

São lembranças boas do passado.

Quem é que não guarda no peito uma lembrança querida?

Quem é que não gosta de relembrar alguns fatos da vida?

Eu já levantava pulando e correndo.

Era uma menina e tinha tanta vivacidade.

Queria ser feliz de verdade.

No ar o cheiro bom de café coado na hora.

Cheiro de polenta assada.

De leite de cabra fervido.

Tanta simplicidade.

Amanhecia e o cão latia.

Eu tomava banho de bacia.

Pela casa eu corria.

Sentia no meu peito tanta alegria.

Na roça parece que mais bonito o dia amanhecia.

Sonia Maria Delsin



Saturday, October 06, 2007


METADE DE MIM

Uma metade minha te chama.

A outra reclama.

Uma te afasta, diz basta.

Metade tua falta chora.

Metade quer que tu vás embora.

Por que me dividi ao meio?

Por que tenho receio?

Por que não sei mais ser um todo completo?

Por que não como meu doce predileto?

Na ilha do amor.

Uma metade minha está chegando.

A outra partindo.

Metade está no cais sorrindo.

Metade está chorando.

Sigo assim...

Uma metade pedindo.

A outra abolindo.


Sonia Maria Delsin



A MULHER DO DONO DO TEMPO

Tive um sonho extravagante.

No sonhar posso ser esta criatura delirante.

Alcancei a sensação única de ser a mulher do dono do tempo.

E para me agradar ele fazia todas as minhas vontades.

Segurava meus momentos de maiores felicidades.

Pulava os momentos de adversidades.

Ele conseguia perdoar minhas futilidades.

Eu era agraciada.

Mimada.

O dono do tempo me colocava numa bolha encantada.

Acontece que eu não dava valor a nada...

...

Do sonho acordei assustada.

Sonia Maria Delsin





O CÉU ESQUECEU DE CHOVER

Que é feito de ti, homem?

O céu esqueceu de chover.

O fim está perto?

A terra está virando um deserto...

Os rios não vão mais correr...

As plantas não vão mais crescer...

Vamos sobreviver?

O céu esqueceu de chover...

Fugir do planeta?

Homem arrogante pega seu carro possante.

É preciso partir.

Precisamos de um foguete para outro planeta alcançar.

Mistérios que não pudemos decifrar.

Terá vida noutro lugar?

O céu esqueceu de chover...

Esqueceu...

Simplesmente esqueceu...

O planeta morreu?


Sonia Maria Delsin



Tuesday, October 02, 2007



QUE GOSTO AMARGO!

Eu sorvi até a última gota.

Com bravura encarei a parte mais dura.

Esvaziei o copo.

Mas o gosto amargo que me ficou na boca me transformou.

Me suavizou.

Descobri a força do ser que eu sou.


Sonia Maria Delsin